sexta-feira, setembro 05, 2008

O NOSSO PORTUGAL

A onda...

A definida "onda de crimes" que atravessa hoje o nosso país, recordou-me a politica de emigração definida há alguns anos atrás. O que uma coisa tem directamente a ver com outra? Directamente, directamente nada. Mas que uma se relaciona com outra, isso não tenho a mínima duvida. E a culpa não se pense que é dos emigrantes. Não. A culpa é de quem "cobardemente" defende o mais fácil, numa perspectiva de uma igualdade social, de uma livre circulação de pessoas, que em nada as iguala e a tudo as prende. A política de emigração foi pensada e definida numa lógica "economicista". Aí, nessa perspectiva, está inteiramente correcta. Os partidos de esquerda hipocritamente foram atrás, não percebendo o que estava por trás. Levantaram a bandeira da igualdade, de todos terem os mesmos direitos. Mas esqueceram-se do principal, daquilo que deveria ser a bandeira da esquerda, que são as condições humanas e de vida que essa nova política iria proporcionar às pessoas. Aceitaram o caminho mais fácil, aquele que conduz à "onda de emigração". Não perceberam o que iria provocar. Não entenderam que a solução não é abrir portas a quem quiser entrar. A solução, a mais difícil claro mas sem a qual a mais fácil não deveria ter sido tomada, é analisar e tomar medidas politicas para que a desigualdade seja menor. A solução passa por intervir na raiz do problema, nos locais de onde partem os “emigrantes” e não olhar só para o local onde chegam. A solução é obrigar politicamente os países ocidentais e os mais ricos da Ásia a contribuírem financeiramente para os países mais pobres. E depois definir juntamente com os governos de cada pais equipas de trabalho internacionais para gerir esses fundos. Mas gerir com objectivos claros. Com metas que permitam que esses países criem as mesmas condições estruturais para conseguirem atingir o desenvolvimento. Metas que tem de ser mensuráveis, que têm de indicar o que construir - vias de comunicação, etc ... - as empresas que têm de ser criadas em cada local. Definir também o número de empresas estrangeiras que têm de entrar nesses países. E indicar claramente os postos de trabalho que têm de ser criados por cada período que cada equipa estaria a gerir esses fundos em cada local. Não é claramente o caminho mais fácil. Mas é claramente aquele que tem de ser seguido. Defender a emigração assim, como hoje a temos é estar contra a igualdade. É não defender o ser humano. É permitir que pessoas vivam sem o mínimo de condição. É defender a pobreza ao invés de lutar contra ela. É transformar a miséria que existe nos países sub-desenvolvidos em “guetos miseráveis” nos desenvolvidos. É receber a miséria em vez de ir ao encontro dela “combatê-la”. E depois é claro. As pessoas precisam de comer, de viver. Como precisavam antes na sua terra e “fugiram” para o paraíso. Mas no paraíso afinal não havia o que comer. Não havia afinal do que viver. O paraíso é rico, mas o dinheiro é escasso e não dá para viver. E quem chega não tem. Quem chega com um mão atrás e outra à frente, muitas vezes nem trabalho tem. E quando tem a maior parte das vezes o que recebe não dá para sobreviver. Mas claro não dá... para não viver. O dia vem sempre depois de outro dia. E tem de se comer, tem de se viver. Depois… acaba por se ir na “onda”. Também na mais fácil, que é roubar, assaltar, matar, para conseguir ter dinheiro para viver. Juntam-se aos "deles", como todos nós aos nossos. Sendo que aqui os "deles" são aqueles que vieram também à procura do que afinal não existe. E assim se constroi a tal sociedade em que os “iguais” se afastam. Em que afinal não é possível sermos todos iguais. Porque no fim de contas somos diferentes e vimos de mundos diferentes. Por isso a luta fácil passa pela “hipocrisia” das pessoas iguais, a difícil pela constatação de que o mundo é invariavelmente diferente, e que se tem sim de tornar o mundo e os seus locais cada vez mais iguais nas condições necessárias para atingirem o desenvolvimento. Só assim teremos uma sociedade mais igual, onde cada um terá as mesmas condições para ser igual a cada qual; em que os barcos deixem de "transportar" fome em forma humana à procura de um paraiso que na realidade é mais do mesmo pesadelo.

1 comentário:

Zé Oliveira disse...

Peço desculpa pela intromissão.

É só para dizer que se conhecem alguém que precise de uma caricatura para Livro de Curso (ou plaquette), sugiram-lhe que visite http://caricaturalivrosdecurso.blogspot.com onde encontrará excelente informação.
Obrigado