quarta-feira, novembro 09, 2005

O NOSSO MUNDO

O QUE SE PASSA EM FRANÇA

A França está por estes dias a ferro e a fogo. Um fenómeno que colocou muitos de boca aberta. A mim sinceramente apenas e só me causava estranheza a aparente calma das cidades francesas especialmente de Paris. Quem conhece ou acompanha minimamente o que se passa socialmente em França, sabe que é actualmente habitada por imensos estrangeiros. Africanos, Magrebinos, Árabes, Europeus, Asiáticos, de tudo existe e em grande escala.
A emigração é um fenómeno que não é de agora, mas que claramente a abertura de fronteiras potenciou. Há muito que digo que a emigração é um perigo. E isto não é um discurso de extrema-direita, xenófobo, bem pelo contrário.
A emigração feita sem lógica, em larga escala, provoca três claros fenómenos:
- Desenraizamento;
- Más condições de vida para os emigrantes;
- Exploração de Mão-de-obra não só em termos de remuneração como de condições de trabalho.
E isto pode originar fogo. Porque reparem os emigrantes chegam, muitos deles clandestinos, não têm onde morar, criam bairros onde se juntam com os seus "conterrâneos" e aceitam o trabalho que lhes aparece mesmo com condições remuneratórios que nada tem haver com o que obriga a legislação do país onde estão a executar o trabalho.
E depois acontece que as pessoas originárias desse país – neste caso concreto os franceses – na procura de emprego tem uma expectativa salarial, que lhes foi criada pela sociedade onde nasceram, cresceram e vivem. Mas na verdade existe uma outra sociedade criada que prefere aceitar aqueles que em busca de melhores condições de vida aceitam trabalhar a qualquer preço.
E isto certamente acontece a muitos jovens – e até menos jovens – franceses na procura de emprego. E por isso na sociedade francesa também há cada vez mais desempregados.
Esta realidade de procura e ocupação do seu espaço – leia-se emprego – repetida n vezes, cria obviamente instabilidade e confrontos sociais. E isto não é racismo, são realidades sociais.
Por vezes invocando a bandeira do racismo, não se olha para as pessoas como deve ser.
Não se analisa as condições desumanas de habitação e trabalho de seres humanos que saem das suas terras à procura de melhorar a sua situação de vida, e não se pensa na expectativa que foi criada a pessoas no seu país ao longo do seu crescimento – nas escolas, universidades – reforçando-lhes nesses locais a esperança de terem à sua frente um mercado de trabalho pronto a recebe-los e com condições para poderem ter uma vida que vá de encontro às necessidades que a própria sociedade lhes foi criando.
Quando tudo isto falha, quando as expectativas caiem por terra, quando a esperança se apaga, quando só a rua os ouve, o resultado é normal é a delinquência!
Por tudo isto o que se passa em França não pode ser considerado anormal. Tardou, mas como se esperava chegou.
Pode ser que seja o aviso que é preciso pensar mais nas pessoas. A circulação de pessoas no mundo é hoje muito mais livre. E é certo que isso economicamente se traduz numa mais-valia que não pode ser posta em causa. Mas a verdade é que socialmente as "despesas" que acarreta, poderão tornar-se - como já se estão a tornar– enormes.

Sem comentários: