terça-feira, setembro 07, 2004

BORNDIEP ABORTOU

O tema da semana em Portugal tem sido o já famoso Barco do Aborto, que se intitula "BORNDIEP". Este barco encontra-se ao largo da Figueira da Foz, mas fora das águas territoriais portuguesas. O governo português não autorizou a atracagem deste barco em território nacional.Este navio tem como objectivo ser palco de acções de informação e esclarecimento relacionadas com os direitos reprodutivos e sexuais nomenadamente a interrupção voluntária da gravidez. Associações portuguesas e holandesas interpuseram uma acção no Tribunal Administrativo de Coimbra para anular a decisão do governo português de impedir a entrada do chamado "barco do aborto" em águas nacionais. No entanto ontem à noite o Tribunal negou dar provimento a esta acção pelo que o barco vai continuar fora das águas territoriais portuguesas.
A decisão do governo prende-se como o facto de em Portugal não ser permitida a interrupção voluntária da gravidez e existindo a possibilidade dessa interrupção se realizar em pleno barco - que tem montada um clinica para o efeito - o governo de forma a garantir o cumprimento da lei não permitiu a sua entrada.
Mas na minha opinião o principal objectivo da viagem do barco até Portugal está cumprido, pois a opinião publica portuguesa voltou a discutir o assunto. A legalização do aborto volta a ser o tema central de debate em Portugal.
A mim o que me parece muito estranho é ver tantas pessoas a manifestarem-se a favor do aborto, e na altura em que existiu o referendo a abastenção foi enorme, tendo a vontade popular - pelo menos daqueles que tem responsabilidade e votam - se manifestado contra a legalização e descriminalização do aborto. É que por muito que nos faça confusão, não podemos levar a nossa avante à força. A democracia é isso mesmo as grandes decisões são tomadas de acordo com a vontade do povo. Não sei se a maior parte do povo português é a favor ou contra a legalização do aborto, mas o que eu sei é que aqueles que cumprem com o seu direito - e também dever - fundamental que é o voto decidiram pela não legalização. E quer se goste quer não - e eu neste caso não gosto - a vontade do povo em democracia é (ou pelo menos deveria sempre ser) soberana.

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